sábado, 10 de outubro de 2015

PARTICIPAÇÃO

10 razões para apostar em trabalhos em grupo

Trabalhando em equipe, o estudante aprende a ouvir e a se posicionar. Mas é preciso tomar cuidado para que a atividade não perca o sentido pedagógico

18/02/2015 13:33
Texto Camilo Gomide e Bruna Nicolielo
Educar
Foto: Marcella Briotto
Foto: Bella Swan - Crepúsculo
O trabalho em grupo desenvolve a sociabilidade
O que é um trabalho em grupo para você? Se a resposta for "trabalho em grupo é a melhor maneira de alguém trabalhar por você" ou "um jeito terrível de você ter de trabalhar por 10" é hora de rever o seu conceito. Isabella Marie Swan e suas amigas diletas sabem dividir tarefas e trabalhar em equipe para chegar a um bom resultado final. Se a Bella pode, você também. Quer ver?

O trabalho em grupo é uma oportunidade de construir coletivamente o conhecimento. "Por meio dessa prática, o aluno se relaciona de modo diferente com o saber. É um momento de troca, em que a criança ou adolescente se depara com diferentes percepções", explica Stella Galli Mercadante, diretora de ensino fundamental do Colégio Vera Cruz, em São Paulo. Não é de hoje que os educadores valorizam o trabalho em grupo como estratégia importante para o aprendizado. Os estudos sobre desenvolvimento intelectual do psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky, no início do século XX, atribuíram um papel preponderante às relações interpessoais no processo de aquisição do conhecimento. "Ao longo do século passado, pensadores como PiagetVigotsky e Paulo Freire mostraram que a aprendizagem depende de uma ação de mão dupla. E essa interação não se resolve pela mera passividade", diz Luis Carlos de Menezes, educador daUniversidade de São Paulo. Daí a importância do trabalho em grupo.

Trabalhando em equipe, o estudante exercita uma série de habilidades. Ao mesmo tempo em que estuda o conteúdo das disciplinas, ele aprende a escolher, a avaliar e a decidir. "Nesse tipo de tarefa, treina-se a capacidade de ouvir e respeitar opiniões diferentes", explica Stella Galli. A lista ainda inclui saber argumentar e dividir tarefas - competências essenciais para a vida adulta. "Ao crescer, o jovem vai ter de conviver com pessoas diferentes dele", explica Adilson Garcia, diretor do Colégio Vértice, de São Paulo. "O preparo para vida depende de saber se comunicar, ouvir, respeitar interlocutores e isso só se aprende fazendo", completa Luis Carlos de Menezes, educador da Universidade de São Paulo.

Se a prática é aplicada nos anos iniciais da escola, as crianças aprendem a trabalhar coletivamente e a escutar seus pares desde cedo. Assim, desenvolvem sua autonomia. "Trabalhos em grupo aqui no Vértice começam a partir do segundo ano do fundamental I. Eles se estendem até o ensino médio", explica o diretor Adilson Garcia. Para ser proveitoso, esse tipo de tarefa pede estratégias adequadas para cada faixa etária, além de planejamento. "O professor deve saber qual é o objetivo do trabalho e, em função disso, dar orientações e propor o tipo de grupo. Terminada a atividade, deve fazer uma avaliação", afirma Stella Galli, do Vera Cruz. Ela defende que o trabalho em grupo deve acompanhar outros tipos de tarefas, como produções individuais. "Cada atividade tem um objetivo distinto. Os alunos podem redigir em dupla ou em trio, mas têm de trabalhar individualmente também". Segundo a educadora, o trabalho individual é apropriado quando a atividade serve para avaliar o grau de aprendizagem do aluno ou se o professor quer que o aluno faça uma atividade direcionada ao seu grau de aprendizagem específico, já que nesse caso o estudante pode consultar apenas seu próprio repertório. O trabalho em grupo, por sua vez, é mais adequado quando a temática é abrangente, o que exige divisão de tarefas e problematização dos estudantes.

Consultamos pedagogos e diretores para saber quais as vantagens do trabalho em grupo e a que elementos os pais e os próprios estudantes devem prestar atenção para esse tipo de tarefa seja produtiva.

Nossos consultores:
-Adilson Garcia, diretor do Colégio Vértice;
-Luis Carlos de Menezes, educador da Universidade de São Paulo;
-Maria Cristina Scavazza, pedagoga e mestre em Psicologia da Educação pela PUC-SP;
-Stella Galli Mercadante, diretora de ensino fundamental do Colégio Vera Cruz.

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